Alimentação consciente – fazendo o que dá

Não precisamos de um punhado de pessoas fazendo o lixo zero perfeitamente. Precisamos de milhões de pessoas fazendo isso imperfeitamente.

Anne-Marie Bonneau

Essa frase passou por mim no Instagram, me agarrou, chacoalhou e disse “calma”. E eu acalmei.

Fazer escolhas responsáveis e conscientes é importante para mim, tanto que chega a me dar crises de ansiedade, afinal todas as nossas ações tem um impacto na vida das outras pessoas de uma forma ou de outra. As escolhas do campo da alimentação tem um peso ainda maior, porque comida é um tema do coração aqui.

E comer de forma responsável não é fácil. Você tem que ter tempo, disposição, dinheiro, informação para fazer as melhores escolhas. E quem tem todos esses recursos?

Quando você para pensar em tudo que deve ser levado em conta na hora de escolher o que comer, o peso dessa escolha é esmagador.

Dramatização

Marilinha está no trabalho e bate aquela fominha no meio da tarde. Decide parar para comer alguma coisa. Ela se pergunta quais são suas opções:

  1. poderia descer no mercado para comprar alguma coisa:
    • Qual mercado ir?
    • O grupo ao qual aquele mercado faz parte está envolvido em algum processo trabalhista?
    • O dono do mercado apoio um político ou um partido fascista?
    • Quem são os fornecedores desse mercado?
    • O que eu compro no mercado?
      • Bolacha não é comida de verdade.
      • Essa fruta tem agrotóxico?
      • O orgânico é três vezes o preço.
  2. poderia pedir no aplicativo de entrega;
    • Os entregadores estão sendo explorados?
    • Os donos desse restaurante são racistas, machistas, homofóbicos?
    • Essa comida é feita com ingredientes de qual procedência?
    • Os cozinheiros estão recebendo seus direitos trabalhistas?
  3. poderia ignorar, deixar a fome chegar ao ponto de prejudicar aquela gastrite mal-curada e ter que tomar omeprazol e começar a questionar também a indústria farmacêutica.

Me diga, que saúde mental aguenta isso?

Mas a frase da Bonneau ajuda a acalmar essa mente ansiosa porque tira o peso das mazelas do mundo do individuo e nos coloca apenas a obrigação de fazer o que dá, o que conseguimos, um pouco de cada vez, em conjunto.

O que deu para fazer em 2019

Esse ano deu para fazer algumas escolhas melhores na hora de comer e eu compartilho elas aqui:

  • Diminuir o consumo de carne vermelha
    • O governo deu aquela força no fim do ano, mas o ideal é que as pessoas consumam menos por escolha não por não terem dinheiro para pagar.
  • Comprar na feira
  • Usar sacola reutilizável
  • Cozinhar mais em casa
  • Comprar orgânicos
  • Apoiar e divulgar a proposta de lugares como o Instituto Feita Livre
  • Ler rótulos

O que dá para fazer em 2020

  • Parar de comer carne vermelha
  • Escolher lugares socialmente responsáveis para fazer compras
  • Não usar embalagens de uso único
  • Preferir produtos da estação
  • Preferir produtos locais
  • Enxergar o ciclo completo da comida – quem são as pessoas que trabalharam e como elas trabalharam para aquela fruta, prato etc. chegar na sua boca.

A gente pode fazer o que dá e a cada dia um pouquinho mais.

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