Hambúrguer Vegetariano, um problema semântico

Quando eu comecei a postar fotos dos hambúrgueres vegetarianos que eu experimentei este Setembro Sem Carne no Instagram, recebi três tipo de comentário:
1 – “O quê?! Você, Marília Bacon, não está comendo carne?”;
2 – Chuva de corações;
3 – “Hambúrguer vegetariano é estranho”.

E, em uma conversa gerada pelo terceiro comentário, cheguei à teoria de que o problema que as pessoas têm com os hambúrgueres vegetarianos é semântico e não gastronômico. A palavra hambúrguer remete a carne bovina moída e temperada servida entre dois pães, remete ao X-Salada da cantina, a um Big Mac, um Whooper, um lanche do Seu Oswaldo. Hambúrguer tem uma definição específica no imaginário coletivo, no dicionário, no contexto social, e isso reflete na expectativa do paladar. Quando mordemos um hambúrguer, esperamos sentir um gosto que se encaixa em algum lugar nessa definição, esperamos sentir gosto de carne. Boa ou ruim, mas carne. E, é claro, que sempre esperamos um sabor bom. Mas sendo sabor de carne, essa comida já vai atender às expectativas semânticas do paladar.

Quando mordemos uma hambúrguer de soja, legumes e grão de bico, não sentimos gosto de carne. E não tem tempero que resolva isso!

Para o nosso cérebro, não faz diferença se aquele lanche tem gosto de lágrimas de unicórnio e te leva ao êxtase gustativo. Não é carne! E a palavra hambúrguer prepara o nosso corpo para carne. Sentir um sabor diferente é uma quebra de expectativa tão grande que a experiência se torna negativa.

Por isso, o problema não é o grão de bico. Grão de bico é ótimo, uma delícia! O problema é chamar de hambúrguer. Será que vale mudar o nome dos sanduíches não carnistas?

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