Um texto não precisa ser sobre comida para dar água na boca, mas, às vezes, o texto fica ainda mais saboroso quando põe o pé na cozinha.
Esta semana, eu li mais uma deliciosa newsletter da Aline Valek, em que ela fala sobre a nova zine Bobagens Imperdíveis, e estou encantada com a comparação que ela fez entre produzir uma zine e fazer pamonha.
Pamonha não surge magicamente, precisa de um grande esforço coletivo para existir.
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Quando fica pronta, eu sei de onde vem aquele sabor especial. O trabalho que dá fazer a pamonha é seu melhor tempero. Coisas boas levam tempo para serem feitas. O processo é longo, trabalhoso, tudo para resultar numa pamonha que vai levar minutos para ser devorada – mas aqueles minutos de muito prazer que fazem valer todo o esforço, pode ter certeza.
Pamonha é uma delícia. Uma das maravilhas que o milho nos dá. E, realmente, dá um trabalho danado e fica muito mais saborosa quando você faz parte desse trabalho todo.
Outro texto que eu adorei ler esta semana e até repeti de tão bom foi a coluna do Drauzio Varella na Folha de S.Paulo, em que ele fala sobre as dietas da moda, os alimentos vilões e comida de verdade.
Sem disposição nem coragem para encarar a realidade de que comemos mais do que o necessário e andamos menos do que deveríamos, procuramos uma saída mágica que nos mantenha saudáveis.
Inventamos teorias mirabolantes que a internet divulga com tal velocidade que se transformam em ideologias com manadas de defensores ardorosos: carne é veneno, nenhum animal adulto toma leite, glúten engorda e incha, suco de berinjela reduz colesterol, e tantas outras.
É desperdício de tempo e risco de perder amigos questionar essas crenças. Não adianta dizer que nossos antepassados não teriam sobrevivido não fosse a carne, que alimentos com glúten costumam conter carboidratos simples com índices glicêmicos elevados, que a coitada da berinjela jamais teve a pretensão de proteger alguém contra o ataque cardíaco e que onças adultas não tomam leite pela mesma razão que não bebem chope nem água encanada.
Eu concordo com cada linha. Especialmente a última.
Procure comer o que sua avó considerava comida.