Os desafios gastronômicos de 2018

Uma das coisas que me encanta na comida é sua capacidade de ser fonte de conforto e faísca para reflexão. Ela me abraça e me causa incômodo. Por isso, além querer registrar aqui doces palavras sobre o quanto minha mãe cozinha bem ou o prazer de comer em um restaurante excepcional, eu trago para cá minhas reflexões gastronômicas.

Nos últimos três anos, vivi e compartilhei o Setembro Sem Carne. Um desafio que basicamente me obriga a ficar um mês sem comer carne, qualquer tipo de carne. As motivações são muitas: saúde, disciplina, impacto ambiental, ética. Aos poucos, fui criando novas provocações. Em 2017, fiz o primeiro Mês Sem Açúcar e foi transformador. A edição deste a não rolou, mas trouxe uma série de reflexões que nos trazem até aqui, uma lista sobre os desafios gastronômicos que me proponho a encarar em 2018.

Diminuir o consumo de carne
Além do Setembro Sem Carne, que chega ao seu quarto ano, farei o Abril Sem Carne e pegarei firme na Segunda Sem Carne.

Quanto menos comemos carne, mais abrimos espaço no prato e no mercado para alternativas. Eu não me vejo seguindo uma dieta estritamente vegetariana um dia, mas acredito no caminho do consumo consciente de todo tipo de produto animal. Acredito também que é necessária uma mudança cultural para transformar nossa alimentação, e ela só é possível com uma mudança de hábitos pessoais.

Menos refeições pela tela do celular
O @dooutroladodamesa me faz estar sempre com o celular a mão durante as refeições. Eu gosto muito de registar aqueles rostos queridos mastigando, engolindo e rindo do outro lado da mesa. Eu gosto muito de compartilhar esses momentos que me fazem tão bem. Considero esse projeto um convite a todos que passam tanto tempo fazendo foto do prato que esquecem de levantar um pouquinho a cabeça e ver a parte mais importante de qualquer refeição ali na frente, te encarando.

Mas não posso dizer sem mentir que as fotos para o Instagram são o único motivo que trazem o iPhone para mesa durante o café da manhã, almoço e jantar. Eu também me perco naquele telinha vendo feeds, lendo, assistindo, conversando com quem não está ali. E eu quero fazer menos isso, mesmo que isso signifique perder alguns registros de quem comeu comigo.

Walter Mitty: When are you going to take it?

Sean O’Connell: Sometimes I don’t. If I like a moment, for me, personally, I don’t like to have the distraction of the camera. I just stay in it.

Walter Mitty: Stay in it?

Sean O’Connell: Yeah. Right here. Right here.

Cozinhar para um
Eu noto nas conversas com amigos que moram sozinhos que um grande desmotivador na cozinha é o cozinhar para um. Eu sempre estranhei porque cozinhar para mim sempre foi um ato de carinho, de me cuidar. Mas, na nova realidade de morar morar sozinha, tenho notado que o dia a dia vai tirando um pouco desse encanto do cozinhar.

O desafio aqui não é superar o cansaço, não me render ao miojo e salsicha.O desafio é não deixar a rotina acabar com meu amor por cozinhar para mim.

Cozinhar para todos
Cozinhar com alguém é algo que merece um texto por sim só, mas aqui eu quero falar sobre uma coisa que aprendi cozinhando com uma pessoa muito diferente de mim.

As pessoas que comem comigo geralmente tem um gosto parecido com o meu. Por isso, na hora de temperar eu faço para agradar meu paladar. Melhor, fazia… Eu estava preparando hambúrguer para uma galera que não é a minha e pronta para me acabar no alho, quando participei do seguinte diálogo:

Vitor: Manera no alho.

Marília: Por quê? Eu gosto de alho.

Vitor: Você não está cozinhando só para você.

BEDA
Escrever geralmente não é uma desafio gastronômico, mas neste blog é. Em 2018, vou participar das duas edições do BEDA – Blog Everyday April e Blog Every Day August. A ideia é escrever postar todos os dias de Abril e Agosto.

Isso vai me fazer trazer mais experiências da cozinha para o texto, e enxergar os sabores das outras delícias da vida.

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