Sem fome, sem texto

Desde que eu descobri que não escrevo sobre comida quando tenho crise de ansiedade porque perco o apetite, minha percepção sobre a doença, a fome e a escrita mudou.

Ansiedade

Não é apenas sobre não comer meus sentimentos ruins. Numa crise curta, é simplesmente sobre não comer. Olhar para comida e não sentir desejo. Olhar para o tomate e não ver a possibilidade do molho. Olhar para um bife e só ver nutrientes e nada de sabor. A ansiedade é um filtro que tira a cor de tudo que me toca. Estou aprendendo a identificar a presença dela no meu olhar. É bom ter consciência de que eu estou daltônica, mas as cores continuam ali.

Comer

Eu sempre pude contar com a fome para saber quando comer. Agora quando ela falta, eu preciso contar com outras forças mentais ainda não nomeadas que me arrastam para cozinhas às duas da tarde porque ela sabem que meu corpo precisa de combustível. É horrível comer só pelos nutrientes. Mas ás vezes é esse comer forçado que acende a chama da fome no meu cérebro. Me forçar a tomar café da manhã facilita sair de casa para almoçar, por exemplo.

Escrever

Escrever é algo que me faz tão bem quanto comer. Mas eu aprendi que a escrita não vale a pena forçar. Mesmo durante o BEDA – Blog Every Day August. A ideia do desafio é estimular a criatividade, não arrancar textos de mim como se eu fosse uma máquina. Se não tem fome, não tem texto. E tudo bem.

 

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