Um mês sem açúcar – o balanço

Comecei este mês de março convocando os ingredientes de para panquecas, aquelas fofinhas de filme americano.

Misturei tudo sem respeitar as instruções da receita. Joguei várias conchas da massa na chapa. E, quando conquistei um refratário vazio e um prato cheio, me sentei para comer minha primeira refeição doce em um mês. Que delícia! Apesar de ter sido bem avarenta com açúcar, pude sentir o doce em toda minha  boca.

Mas não estamos aqui para falar do que eu comi, e sim do que eu não comi nos últimos 28 dias.

Fevereiro Sem Açúcar – Como tudo começou

No dia 12 de janeiro, a coluna do jornalista David Leonhardt apareceu na minha timeline. Ele contava na edição em  questão há dois anos fica sem comer açúcar por um mês para limpar o paladar. Relato interessante, especialmente quando ele cita a reeducação alimentar que esse mês sem açúcar traz e como sabor das frutas renasce para ele. Exatamente o tipo de experiência que gosto de compartilhar no Não Contém Glúteos.

Cozinhei a ideia e acabei decidindo que encararia o desafio de passar um mês sem açúcar em fevereiro.

De cara, recebi comentários preocupados. Acalmei todos explicando que cortaria apenas os alimentos artificialmente adoçados da dieta. Frutas, laticínios e e carboidratos continuariam frequentando meu prato.

Na segunda quinzena de janeiro, comecei a me preparar psicologicamente, comendo todos os doces que tinha vontade. No dia 1º de fevereiro, cortei tudo. Cold turkey. Sem sobremesas, sem mel, sem sorvete.

Logo descobri que também ficaria sem pão de forma, molho de tomate e salgadinhos. A maioria dos produtos processados que caíram na minha mão tinham algum tipo de açúcar entre os ingredientes. A surpresa não foi grande; açúcar é um conservante bastante usado. Mas eu fiquei extremante chateada por não ter me tocado que teria que ficar sem pizza também.

Por que diabos eu aceitei ficar um mês sem comer pizza?

Recebi receitas de molho de tomate sem açúcar, mas não tive tempo na cozinha em fevereiro. Correndo atrás de freela e resolvendo burocracias, mal tive tempo de escrever aqui. A receita está guardada e será executada.

Outro de dificuldade foram as bebidas. Por mais que eu tenha me apaixonado por suco de melancia com limão e gengibre, e aprendido a gostar de limonada sem açúcar, o refrigerante fez falta. Porque, quando você fica muito tempo sem tomar, seu cérebro mando um sinal para a Coca-Cola que ativa o chip da sede de Coca. Eu estava feliz andando na rua quando de repente meu sentidos foram invadidos. Eu via ursos polares incrivelmente brancos brincando com garrafas de vidro para onde que quer eu que olhasse.

Passou.

Fevereiro Sem Açúcar – As escorregadas

Resistir ao chip da Coca e ao apetitoso desfile de sobremesas que passou por mim esse mês não foi fácil, mas eu consegui. Nenhum lambida em sorvete foi dada, nenhum gole de caipirinha foi tomado. Mas, é claro, eu dei algumas escorregadas. Quatro, para ser exata.

  1. Pedi um café para a máquina. Como eu serei a primeira a morrer quando a Skynet for lançada, a danada me sacaneou e não tirou o açúcar como eu pedi. Só percebi quando dei o último gole e vi uma camada cristalina no fundo do copo de plástico. #notguilty
  2. Fui jantar com a Deh e pedimos o mesmo chá, o dela adoçado, o meu não. É claro que o garçom trocou. Só percebemos depois do primeiro gole. #notguilty
  3. O prato do dia no PF era strogonoff. Esqueci completamente dos ingredientes. Mea culpa! Mea maxima culpa!
  4. Dia longo de trabalho. A comida mais próxima estava dentro de uma daquelas maquinhas que só tem salgadinho, chocolate, refrigerante e “sanduíches”. Escolhi o último no desespero. Foi um erro, mas serviu para notar a eficácia do exercício. Parece que eu estava comendo uma barra de açúcar.

Fevereiro Sem Açúcar – O que ficou

Não foi fácil! Não é fácil dizer não para comidas gostosas e acessíveis. Meu cérebro sentiu o baque na terceira semana, o cansaço bateu com força e eu mal conseguia pensar. Dormi chorando alguns dias? Jamais saberemos! Mas o gengibre, as sobremesas da sogra e apoio dos amigos ajudou.

E cada dia sem açúcar valeu a pena porque eu tive que me tirar do automático e pensar antes de comer. Eu aprendi a reeducar meu paladar. Exercitei minha força de vontade e disciplina. Descobri alternativas deliciosas de sobremesas sem açúcar refinado. E senti novos sabores em cada mordida em uma fruta.

Agora eu gosto de pera e melancia. Sinto o adocicado da cenoura com muito mais intensidade. E reduzi drasticamente meu consumo de alimentos ultraprocessados. Aos poucos, uma alimentação mais natural vai ganhando forma e sabor. Que delícia viver isso!

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