Comendo no Chile

Eu viajo para comer. Por mais ame cair em novas águas, pisar em areias estrangeiras, maravilhar-me diante de construções de outras culturas, o que me faz colocar o pé na estrada mesmo é a comida. Viver em São Paulo me permite experimentar sabores de todo o mundo. Mas há algo de especial em comer um prato típico na casa dele e não na minha.

Em 2015, Caio e eu fomos para o Chile. Queríamos ver o Pacífico, explorar um vulcão, visitar as casas do Neruda, ver uvas que virariam um dos nossos vinhos favoritos. E realmente fizemos uma viagem incrível! Mas o que mais me marcou em toda nossa jornada por lá foi a comida.

Italiano
Se bem me lembro, a primeira coisa que comemos ao chegarmos em Viña del Mar foi um lanche de uma rede de fast food local. Pedimos um lanche de frango ao estilo italiano , com molhos verde, branco e vermelho: tomate, maionese e ABACATE. Tínhamos ouvido falar desse inusitado toque verde nos lanches e eu me apaixonei pela combinação de sabores. O que aconteceria muitas outras vezes durante a viagem.

Em Santiago, conheci os hot dogs no estilo italiano também e me acabei neles. Como nos instalamos no centro da capital e eles eram muito baratos, foram minha opção para saciar a fome e a gula vespertina muitas vezes.

Shawarmas
Apesar de ter crescido em uma cidade com uma grande comunidade libanesa, eu nunca tinha comido um shawarma até minha primeira noite no Chile. Saímos para caminhar por Viña del Mar e acabamos no centro da cidade, em um restaurante árabe, onde Caio me apresentou esse delicioso lanche. Foi amor à primeira mordida. Estamos junto até hoje!

A primeira shawarma a gente nunca esquece.

Empanadas
Em Valparaíso, durante um delicioso walking tour com um dos Wally’s do Tours 4 Tips, conhecemos um señor que fazia e vendia empanadas e alfajors. Eu não como alfajors, acho muito doce. Discretamente passei o meu para Caio – não queria ser rude com nosso anfitrião – e comprei empanadas para nós dois. Uma de pino e uma de salmão com queijo. A de salmão era muito gostosa, mas a de pino era divina. A carne e a cebola se abraçaram e dançaram na minha boca.

Deveríamos ter comprado duas de Pino, porque essa acabou rápido demais.

Chorrillanas
Nosso primeiro contado com o tradicional prato chileno não foi tão tradicional assim. Como estávamos em um restaurante de frutos do mar, uma versão da iguaria apenas com peixe e moluscos nos chamou atenção.

Em cima de uma cama de batata frita, peixe, lulas, polvo e mexilhões empanados e fritos compunham uma montanha coberta de queijo e dois ovos fritos. Acompanhado de fresco vinho branco, aquele prato nos fez sentir verdadeiramente no Chile.

Só fomos experimentar a verdeira Chorrillana dias depois, em Pucón, com linguiças, frango e carne bovina também amontoadas ente a caminha de papas fritas e o cobertor de queijo e ovos.

Caio encantado pela Chorrillana.

Congrio
Na fase final da viagem, em santiago, fomos almoçar no Mercado Municipal, seguindo mais uma vez a dica dos Wally’s de comer nos restaurantes menos turísticos, que ficam mais perto do peixe que da parte “bonita” do mercado. Nosso anfitrião era filho de um brasileiro e conversou conosco em português, indicando um prato de Congrio.

Eu perguntei que peixe era aquele e logo descobri que era enguia. Fiz a fresca e disse que não. Caio logo me lembrou que já havíamos como Congrio em Concón no litoral, e eu tinha adorado. Paguei e a língua! Pedimos um prato para dois e nos deliciamos naquele peixe branco suculento. Nunca mais faço esse tipo de frescura!

Caio comendo Congrio em Concón, no Chile.

Amoras
Nossas primeiras horas em Santiago foram estressantes. Chegamos na cidade antes do metrô abrir. Não tínhamos o bilhete para o ônibus. E quando finalmente chegamos ao hostel, não podíamos ir para o quarto porque faltavam algumas horas para o check-in. A fome e cansaço começou a trazer o pior de nós e dois e achamos prudente encontrar algo para comer antes de perdermos a linha. Antes que eu perdesse a linha, na verdade, porque, pior que o Caio fique com fome, a versão mal-humorada dele não chega aos pés do monstro que eu sou com fome e sono.

Fomos para rua e encontramos um Starbucks aberto. Okay!, o Starbucks não é exatamente um exemplo de comida local. Mas qual não foi minha surpresa a ver que pelo menos metade dos doces expostos ali tinham framboesa. Eu ainda não sabia que framboesas são frutas bem comuns no Chile e passeio meus últimos dias no país comendo aquelas frutinhas vermelhas em todas as formas que as encontrava.

Eu sou uma grande entusiasta das frutas tropicais. Amo! Como todas! Mas eu confesso ter uma queda bem vira-lata pelas berries.

Lamen e peruanos
Por falar em sabores estrangeiros, arrastei o Caio para o primeiro restaurante que encontramos que tinha lamen. Não era tão gostoso quanto o que comemos aqui em São Paulo, mas valeu a experiência. E nos dedicamos na busca de um restaurante que servisse sanduíches peruanos depois que ouvimos falar tão bem dos sabores dos nossos vizinhos. Aqueles lanches estavam sensacionais!

Cazuela
Deixe para o final, o sabor mais importante que experimentei no Chile, a cazuela. Um ensopada de carne bovina com batata, abóbora, milho, alguns vegetais e mérken, uma pimenta chilena muito saborosa. Foi a comida que nos aqueceu em dia frio em Pucón, alimentando não só o estômago, mas todo o ser.

Eu gostei tanto que o Caio aprendeu a fazer e, nos últimos dois Dia dos Namorados, ele prepara uma panela dessa delícia para comermos juntos. De iguaria de viagem, a cazuela se tornou um manjar de amor.

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