Tristeza, ansiedade e (falta de) apetite

Eu não sou de perder a fome. Mas acontece às vezes. Recentemente aconteceu.

A ansiedade me pegou. Mordeu. Mastiga. Cuspiu. E depois me arrastou por aí como um chiclete velho grudado na sola do sapato.

Às vezes eu fico semanas sem publicar nada aqui no Não Contém Glúteos. Acontece. A vida, a procrastinação, o trabalho, a falta de inspiração. Mas o que aconteceu este ano é que eu  não escrevi. Nem uma linha! Nem uma palavra! Nada sobre comida ou comer. E eu não escrevi porque me faltou o ingrediente principal para tudo que aparece aqui: apetite. Eu não tenho fome. Eu não como. Eu não escrevo. Uma conta simples que só recentemente eu enxerguei e entendi.

Existe uma expressão inglês – eat my feelings, ao pé da letra “comer meus sentimentos”, meio que um se empanturrar de comida quando você está sentindo algo muito intenso.

Não sei se era de comer meus sentimentos. Eu sempre só comi. Porque estava com fome, porque era bom, porque eu me sentia bem. Mas dessa vez estava sentindo algo forte e grande demais, que chegou até minha boca, meu garfo, meu prato. Tristeza. Eu não comia meus sentimentos porque eles ruins demais para engolir.

Algo tão pesado que eu não conseguia engolir. Então eu não comia. Algo tão intenso que me tirava a fome. Então eu não escrevia.

Está passando. O apetite volta todos os dias. Os textos também.

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