O que é que tem na sopa do neném?

Meus tempos de papinha já foram. E depois que experimentou a primeira batata frita, Oli nunca mais quis saber de nada que tivesse textura de purê. Mas eu preciso confessar que eu mandava muito bem nas papinhas que fazia para ele. E sinto falta das paneladas semanais que tomavam um baita tempo, mas enchia minha casa e agenda de cheiros, cores e sabores. Eu adorava cozinhar pro Oli nessa fase, muito mais do que hoje em que ele come quase de tudo. Entrar na cozinha com a missão de encher de 14 potinhos responsáveis pela introdução alimentar do meu filho era um desafio delicioso.

Eu até considerei fazer o tal BLW quando ainda estava grávida, mas lendo, conversando com o pediatra do Oli e considerando o estilo de vida que temos em casa, acabei decidindo seguir um modelo híbrido de lanchinhos (frutas) na mão e refeições no liquidificador e na colher.

Lembro de entrar na cozinha com a missão clara: fazer o Oli se apaixonar por comida. Mostrar todo o potencial de prazer que a comida traria para vida dele. E tudo isso sem usar sal. Escolhi a dedo meus vegetais favoritos, ervas saborosas e parti para panela selar a carne azeite porque não é porque eu não queria usar sal que meu menino ia comer comida sem gosto.

Montei belíssimos cardápios coloridos a base de mandioquinha, beterraba, repolho, couve, chuchu – dei até abobrinha pro coitado. Descobri o poder dos corantes naturais nas paredes e nas roupas que foram personalizadas pelo meu mini abstracionista.

E preciso concordar que o que fez diferença na hora de cozinhar foi o amor. Amor foi sim o ingrediente especial nas primeiras refeições que fiz pro meu filho, mas não amor de mãe, amor por ele. Mas amor pela comida. Eu amo tanto comer, tenho tanto respeito pela relação sagrada que podemos ter com a comida e que quis honrá-la nos primeiros contatos que promovi entre ela e meu outro grande amor. Fiz o melhor que pude dentro das minhas limitações e das recomendações da OMS, e acredito que deu certo: Oli canta comendo desde a primeira colherada, aprendeu a falar “isso é uma delícia”, só descobriu a palavra “eca” por causa da Peppa Pig e ficou alucinado na primeira vez que brincou em uma cozinha de mentira.

O que é que tem na sopa do neném? Amor. Pela comida.

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